domingo, 21 de setembro de 2008
(Martha Medeiros)
sábado, 20 de setembro de 2008
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Constante e doce entrega - Laisa Rosinki
Carta de Clara para Bia (livro Tudo q eu queria t dizer) Martha Medeiros
"Bia, minha doçura,
não não não, está proibida de ficar triste, pro-i-bi-da! Pirou? Perdeu a noção do perigo?
Caramba, como é que uma mulher como você pode se deixar abater pelo final de um romancezinho à-toa?
Sorry, sei que não foi à-toa, que você curtiu, foi bacana, tá bom, tá bom, é que, como não participei, não vi nada, mal conheço vcs dois juntos.
Mas puta que pariu, não pode ficar abalada desse jeito! Não você!
Não minha Biazinha, não minha amigona, minha fortaleza.
Você desmoronar é o prenúncio do fim do mundo, proíbo, não deixo.
Ahhhhhhh, tá bom. Sei que é foda.
Dor de cotovelo é pior que arrancar um siso, pior que fratura exposta - aliás, é uma fratura exposta. A gente fica ali vendo o osso pra fora, doendo feito a morte, e pensando se a coisa vai voltar pro lugar, se vamos andar de novo, se é possível tocar a vida sem se sentir um aleijado.
Pô, se vc não conseguir, quem vai?
Bia, chore escondido, se esparrame na cama e molhe o travesseiro, faça aquele numero q todo mundo conhece: chamar a si mesma de imbecil e decretar que nunca mais, nunca mais... Ora, nunca mais amar, nunca mais acreditar nas palavras bonitas desses sacanas, nunca mais tudo!
Dê seu show particular, reprise o dramalhão algumas noites, e depois enxugue essas lágrimas e volte pra vida.
Pra vida! Elé é o único homem do mundo? Não, né?
Você disse que foi uma espécie de milagre a história de vcs acontecer, então, minha santa, quem faz um, faz outro, aproveite o know-how e dá-lhe milagre!
Vc já fez tanto por vc, já foi tão longe, não vai entregar os pontos agora, nem pensar.
Eu queria estar aí em Porto Alegre pra segurar sua mão, pentar seus cabelos te levar para um shopping e dar um up nesse seu astral moribundo
-Vc ainda detesta shopping? Menina, que DNA defeituoso esse seu, me explica como alguém pode não gostar de comprar.
Gostando ou não, prometa que vai esta semana entrar numa loja bem cara e sair de lá com um monte de roupas que vc não sabe onde irá usar.
Ajuda, claro que ajuda. E nem ouse ler os e-mails dele, ver as fotos dele, lembrar dele!
Lobodomia autorizada, lacre essa parte do cérebro, a da memória.
Não lembre nada, não viva pra trás: planeje!
Foque no futuro: uma viagem, um projeto profissional, novos amigos, novos hábitos!
Encoraje-se, o verão está chegando e você está magra, magérrima! Bote esse corpão numa praia espalhe esse sorriso lindo e você vai ver o que acontece, Milagres!!
Não pergunte por mim, eu poderia ser animadora de auditório, mas quando se trata da minha própria vida é uma desolação.
Estou sem ninguém há séculos, aqui em SP sou a mulher invisível, poderia entrar num restaurante e sair sem pagar que ninguém viria cobrar a conta, já é um superpoder, não é?
Mas eu me acostumei com isso e nem dou mais bola, mas vc, Biazinha, vc é de outra linhagem, é uma mulher que precisa, pre-ci-sa estar amando, estar apaixonada, e vc exige estar sempre possuída por um encantamento.
Eu estive com você lá atras naqueles tempos duros e solitários, e sei que você merece um arrebatamento mais do que minha irmã até.
Não conte pra ela senão ela apertará aquelas duas mãos gordas no meu pescoço.
Bia, o que posso fazer de concreto a nao ser te potar essa pilha inútil?
Pensa que eu não sei que palavras não servem pra nada? Pra nada.
Sofrer por amor é um atraso de vida, e não há remédio que entorpeça a dor, que amenize, que anestesie, nada, nada, antidepressivo não funciona nessa hora, e cocaína não ouse...
A indústria farmacêutica ainda está muito atrasada em relação à corações feridos, não acha?Psiquiatra, que tal?
Conheço vc, é durona, vai resistir, vai sobreviver a mais essa rasteira.
Biazinha, eu sei de pelo menos três homens alucinados por vc, q largariam família, emprego, amante, saltariam de um foguete em movimento para voltar pra Terra e te pegar, então escuta, trata de sentar, respirar, ficar bonitinha e avaliar os candidatos.
Tô enxergando vc aí puta da vida do outro lado, dizendo que não quer saber de ninguém, só dele...
Esses homens! Como ficam importantes depois que somem. Antes você nem dava muita bola pra ele, agora olhe você.
Vai superar, belezoca. Um pouquinho de paciência e champanhe e vc melhora rapidinho.
Bia, não sei dizer coisas sérias e inteligentes que dizem nossas outras amigas, elas devem estar se sentindo mais úteis do que eu nesse momento, mas daqui de longe tudo que eu posso fazer é te mandar essas letras de apoio do meu jeito atrapalhado e sem conteúdo,
sou assim na alegria na tristeza, no amor e na doença, um traste que não sabe dizer coisas profundas mas que te abraça e beija, kisses!
A teoria do biscoito - Martha Medeiros
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
As cem razões que o amor desconhece - Martha Medeiros
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Costuma ser despertado mais pelas flechas do Cupido do que por uma ficha limpa.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário, ele adora o Planet Hemp, que você não suporta. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, mas você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, ele adora animais, ele escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou murchar, você levou-a para conhecer sua mãe e ela foi de blusa transparente. Você gosta de rock e ela de MPB, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são referências, só. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo o que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas só o seu amor consegue ser do jeito que ele é.
Um novo amor pra esquecer - Martha Medeiros
De fato, um novo amor, sendo amor mesmo, é o que funciona para quem quer partir para outra. O probleminha está nesse "sendo amor mesmo" , já que raramente é. Às vezes, a gente sabe desde o início que o tal novo amor é apenas um passatempo, um elixir contra a solidão. Se você for do tipo que não olha pra trás, que leva tudo numa boa, que tem como esporte preferido fazer a fila andar (seja com quem for), boa sorte, está salvo. Mas se isso for apenas uma fachada e no fundo você for hipersensível, esse novo amor pode ter um efeito contrário: confirmar a força do amor anterior.
Até parece fácil. Um amor se vai e a gente grita da janela: próximo! Só que esse próximo vai te beijar de uma maneira diferente, vai ter um papo diferente, vai ter hábitos diferentes. Animador? Sei não. Isso tudo pode apenas te entorpecer em vez de te curar.
Isso tudo pode apenas te entorpecer em vez de te curar. Se a relação que terminou tiver sido muito forte e séria, essa troca de bastão instantânea pode gerar uma saudade absurda daquele que se foi. Vale a pena correr o risco?
Tudo é risco na vida, mas, nesses momentos, prefiro ficar na minha. Claro que não coloco um cinto de castidade e me fecho para o mundo - se por um acaso surgir alguém que me desperte a imaginação e os hormônios, quem sabe? Mas não procuro nada. Não ligo o radar. Não saio pra noite. Não fico na fissura por uma substituição imediata. Aproveito a entressafra para matar saudade de mim mesma, já que em toda relação a gente esquece um pouco de si, se doa, contemporiza, regateia, em alguns casos até invente um personagem. Sozinha, eu não preciso fazer concessões nem imposições - não é preciso negociar. Vou perder uma oportunidade rara dessas?
Norman Mailer certa vez escreveu: " As pessoas procuram o amor como solução para todos os seus problemas, quando na verdade o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas". É isso aí. Primeiro aprendaa administrar seus conflitos e tristezas, aceite suas oscilações de humor, busque a serenidade, fortaleça sua auto-estima e ampare-se em si próprio, sem se valer de bengalas emocionais. Aí sim, feito o dever de casa, seu prêmio estará a caminho.
Pra me conquistar basta dizer tudo aquilo que nunca ouvi de ninguém, se vestir como homem e não como gay, me tocar sem medo, sem segredo , entrar e sair da rotina sem que eu note , me levar para lugares exóticos e lugares comuns , saber ficar em silêncio e assim me dizer tudo . Gostar de rock como eu gosto e de coisas que eu não gosto, compreender a vida como é e buscar o outro lado , saber a hora exata de ficar e ir embora mas não vá... (Martha Medeiros)
Diferença de necessidades - Martha Medeiros
Gastei bom pedaço da coluna transcrevendo esse parágrafo do excelente livro “A filha do canibal”, da espanhola Rosa Montero, pois eu não saberia descrever melhor a razão de tantos desencontros amorosos. O relato refere-se a um homem e uma mulher com alguma diferença de idade – ela é a mais velha, lógico, como tem se tornado comum hoje em dia. Muitas pessoas duvidam que uma relação assim possa dar certo. Claro que pode. Tudo pode dar certo e tudo pode dar errado, e a idade nada tem a ver com isso, é apenas um detalhe na certidão de nascimento. O que transforma nossa vida amorosa num melodrama é a diferença de necessidades. Aí não há casal que encontre seu ponto de apoio, seu eixo e seu futuro.
Um quer compromisso sério: para o outro, amar já é sério o suficiente. Um quer filhos, o outro nem em sonhos. Um quer uma casinha no meio do mato, o outro é curioso, precisa de informação, cinema, teatro, gente. Um valoriza a transa antes de tudo, o outro acha que conversar é importante também. Ao menos, os dois gostam de dançar.
Um quer se sentir o centro do universo, o outro quer incluí-lo no seu amplo universo. Um quer fugir da solidão, o outro aceita a solidão. Um não quer falar de suas dores, o outro pergunta demais. Um briga.
Os dois se amam, isso não se discute.
Um não precisa conhecer o mundo, o outro traz o mundo em si. Um é romântico para disfarçar a brutalidade, o outro é doce para despistar a secura. Um quer muito de tudo, o outro se contenta com o mínimo essencial. Nenhum dos dois liga pra dinheiro, mas o dinheiro quase sempre está no bolso de quem viveu mais. Um fica inseguro, o outro diz que nada disso importa, mas claro que importa.
Um quer que lhe dêem atenção 25 horas, o outro precisa que o esqueçam por uns instantes. Um quer aproveitar cada réstia de sol, o outro gostaria de dormir um pouco mais. Um gostaria de saber o que não sabe, o outro queria desaprender metade do que a vida lhe ensinou. Um precisa berrar, o outro chora.
Um quer ir embora e, ao mesmo tempo, não. O outro quer liberdade, mas a dois.
Então um se vai e deita em todas as camas, sofrendo. E o outro mergulha sozinho na dor, sobrevivendo.
Diferença de idade não existe. A necessidade secreta de cada um é que destrói ilusões e constrói o que está por vir.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
A minha despedida.
Sabe, eu gosto muito de cartas, cartas são sempre tão cheias de sentimentos, escrever uma carta é dedicar mais do que palavras e tempo, escrever para alguém é dedicar seus pensamentos. Muitas cartas, assim como esta, nem são para serem enviadas, apenas lidas, relidas e picadas em pedacinhos por nós mesmos depois de algum tempo. Cartas são muito mais remetente do que destinatário. Esta então é pra você e para o nosso fim.
Não preciso de cabeçalho nem d introdução, vou direto ao ponto.
... O que difere os seres humanos dos demais pra mim é a consciência de suas escolhas, eu fiz a minha enquanto te amei e me entreguei a você e você fez a sua, de não viver esse amor. Me revolta, me entristece, me deprime, mais fazer o que? São as suas escolhas. Como disse, ao te amar escolhi me entregar de corpo e alma. O que me atordoou por muito tempo foram as conseqüências desse amor. Incalculado, incoerente, inaceitável... mais de minha parte amor! E eu acho o amor um puta de um sacana, ele chega, entra sem bater a porta, sem pedir licença, se instala dentro d nos e bummm. E como é inconveniente esse amor... injusto, definitivamente é injusto: “amor depende do outro e não depende de nada, é simplesmente amor” Este só deveria sucumbir para duas pessoas em igualdades de condição, eu só deveria me apaixonar por você se você se apaixonasse por mim também, seria tão mais fácil... tão menos doloroso... só aprenderíamos menos, mais nesse caso, acho que nem teríamos muito a aprender.
Se o amor fosse assim, brotado por dois corações, nós não teríamos problemas, não é mesmo? Pois afinidades tínhamos aos montes, interesses em comum de sobra e os desejos à transbordar. Mais não tínhamos o principal, duas pessoas a mercê do amor. Durante muito tempo eu achei que ele também chegaria a você, que uma hora você iria se tocar de que não precisava de mais nada alem de mim, e que não corria riscos em se entregar a esse sentimento. Mais isso você nunca percebeu, ou não quis perceber, ou melhor, essa não foi a sua escolha.
Sendo assim meio tonta e estúpida insisti num erro durante muito tempo, você sabe o quanto estivemos nessa, era só ver um indicio de que me amava e eu chegava aos céus. Meu maior equivoco talvez tenha sido minha transparência, você soube o tempo todo o quanto eu era sua. Mais essa relação não chegou ao fim por conta de erros ou falhas. Termina por ausência, incapacidade (o que é muito pior). Acho que esse é o pior tipo. Pois não existe culpa só rejeição. Você me quis ao seu lado, na sua cama, e em boa parte do tempo, só não quis me amar. Por me sentir dependente desse tão estúpido amor fui indo durante muito tempo, me remetendo as suas mais ridículas condições. Mais agora basta, e nem me venha você com esse charme barato, não me permito mais tal humilhação.
Então amor acaba? Acredito que não, ele vai estar sempre aqui, será minha eterna cicatriz, o que acabou foi a minha paciência.
Um novo grito ecoa no meu peito: eu quero mais! Muito mais! Mais não mais de você!
Porem, a principal relevância desta carta esta em te dizer que não quero levar as magoas, os choros e nem os arrependimentos. Isso só me diria o quanto fui burra. Levo somente as boas lembranças, os sorrisos, as minhas alegrias e tudo que valeu a pena.
Venho te revelar sua importância, você foi o homem que fez me mulher, que me fez me sentir desejada... Você foi um capitulo importante, mais já não é mais o protagonista da minha história, agora chegou a hora de amar me sentir amada.
Portanto Adeus.
Um adeus enfim tranqüilo.
Deborah Cocchiarale
Não era AMOR - Martha Medeiros
Lendo-me no poema - Martha Medeiros
O muro quase branco pede um testemunho grafitado
A mesa empoeirada pede um poema rabiscado com o dedo
O carro sujo pede um Vilma Ama João no vidro traseiro
A areia da praia pede um coração desenhado com um pedaço de pau.
Mas a onda apaga todas as declarações impulsivas
A mangueira limpa as confissões automotivas
O poema some do perfex da criada
E o grafite é condenado pela prefeitura.
Duram mais os amores silenciados...
Loucas e Santas ( Martha Medeiros)
Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
(Vinicius de Moraes)